quinta-feira, 25 de outubro de 2007


Gabriel José Garcia Márquez, a quem os amigos chamam de Gabo, nasceu às 9 horas da manhã do dia 6 de Março de 1928 na aldeia de Aracataca na Colômbia, não muito distante de Barranquilla. Seu pai, homem de onze filhos, tinha uma pequena farmácia homeopática, e seu avô materno era um veterano da Guerra dos Mil Dias, cujas histórias encantavam o menino. Costumavam levar o neto ao circo; às vezes se detinha na rua, como se sentisse uma pontada, e com um sussurro, inclinando-se para ele, dizia: "Ay, no sabes cuánto pesa um muerto!" - referindo-se a um homem que matara. Gabo tinha 8 anos quando esse avô morreu: "desde então não me aconteceu nada de interessante."
A família deixou então Aracataca (a macondo de seus livros) devido à crise da plantação bananeira, e Gabriel estudou em Barranquilla e no Liceu Nacional de Zipaquirá. Iniciou o curso de Direito em Bogotá entre 1947 e 1948, e nessa época publicou seu primeiro conto. Trabalhou como jornalista em Cartagena, Barranquilla e depois em El Espectador de Bogotá, onde fez grandes reportagens e críticas de cinema. Em 1955 ganhou um concurso nacional de contos e foi enviado especial do jornal à Conferência dos Quatro Grandes, em Genebra; estudou no Centro Experimental de Cinema de Roma e fez uma viagem de três meses aos países socialistas, radicando-se depois em Paris. Em 1956 voltou à Colômbia para casar-se com Mercedes Barcha: tem dois filhos: Rodrigo e Gonzalo. Mais tarde trabalhou como jornalista em Caracas e em 1960 foi para New York como representante da Prensa Latina, agência cubana, nas Nações Unidas, indo em seguida para o México, onde viveu seis anos escrevendo roteiros para cinema.
Como influências que considera importante, Garcia Márquez indica as seguintes: Virgínia Woolf, Faulkner, Kafka e Hemingway, do ponto de vista técnico. Do ponto de vista literário, As Mil e Uma Noites, que foi o primeiro livro que leu aos 7 anos, Sófocles e seus avós maternos.

Cinema Paraíso


Esta obra-prima do realizador Giuseppe Tornatore é um olhar nostálgico sobre a vida de um jovem na Itália do pós-guerra e o seu fascínio pelo cinema, tendo vencido o Oscar para o Melhor Filme Estrangeiro e o Grande Prémio do Júri do Festival de Cannes. 'Alfredo está a morrer'. Esta notícia surpreendeu o realizador de sucesso Salvatore (Jacques Perrin), levando-o a relembrar a sua infância e o tempo que passou na sala de projecção do cinema da sua vila, Cinema Paraíso.Alfredo (Philippe Noiret), proprietário do cinema e projeccionista, foi um amigo inseparável do pequeno Salvatore, conhecido por 'Toto', à medida que este crescia na sua terra natal, uma vila devastada pelos horrores da guerra. O cinema oferecia fantasia e evasão ao habitantes da pequena vila, fazendo esquecer a dura realidade da fome e da pobreza.Cinema Paraíso é um filme inesquecível e um maravilhoso tributo ao cinema que marcou uma geração inteira de espectadores.

Júlio Resende


M ais de 200 obras constituem a a exposição retrospectiva de Júlio Resende, que foi anteontem inaugurada pelo presidente da República, no Museu da Alfândega, no Porto. Cavaco Silva mostrou "impressionado" com a obra do "mestre da luz".A mostra, que abriu precisamente no dia em que o pintor comemorou 90 anos, contou ainda com as presenças do secretário de estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, do presidente da Câmara do Porto, Rui Rio e de Agostinho Cordeiro, galerista de Júlio Resende, entre muitas outras individualidades.

Cada lugar teu

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçartudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Nobel da Literatura 2006

Ferit Orhan Pamuk (Istambul, 7 de Junho de 1952) é um escritor turco.

Nascido no seio de uma família rica de Istambul, estudou no estrangeiro Engenharia, Arquitectura e Jornalismo. Todavia, preferiu dedicar-se à Literatura, a partir de 1974.
O projecto teve continuidade até hoje e é tido como o maior romancista turco da actualidade, com obras traduzidas em mais de trinta idiomas. Em Portugal existem no mercado pelo menos duas obras traduzidas em português, mas já é certo que muitas editoras tem contratos novos para a edição de mais livros de Pamuk no país ibérico.
Entre seus romances mais célebres encontra-se o laureado Meu Nome é Vermelho, uma história de amor e mistério implacáveis, vividos na Turquia do século XVI.
Tornou-se polémico ao acusar, num artigo de um jornal suíço, por si escrito, seu país de ter cometido genocídio contra o povo arménio, aquando da decorrência da Primeira Guerra Mundial e o assassinato de 30 mil curdos, a posteriori. O caso foi levado à justiça turca, e Pamuk teve mesmo que prestar declarações em tribunal. Este caso teve polémica internacional e o romancista tornou-se conhecido um pouco por todo o mundo.
Mas o que o catapultou para a fama mundial, foi o facto de ter sido galardoado, a 12 de Outubro de 2006, com o Prémio Nobel da Literatura. O Comité Nobel justifica o prémio com a frase seguinte: "em busca da alma melancólica da sua terra natal encontrou novas imagens espirituais para o combate e para o cruzamento de culturas".
Assim, tornou-se o primeiro turco a receber um Prémio Nobel. Antes, porém, já havia recebido outros prémios de renome internacional.Foram os seus textos sobre as vivências turcas, as desigualdades entre os cidadãos da Istambul actual e as comparações feitas entre a Turquia otomana e a Turquia moderna

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Monges Cartuxos




Ainda em relação à Grande Reportagem exibida na SIC no Sábado 29 de Setembro, aqui ficam algumas curiosidades sobre a Ordem dos Cartuxos.


A Ordem dos Cartuxos (do latim Ordo Cartusiensis, O.Cart.) é uma ordem religiosa católica semi-eremítica fundada em 1084, por São Bruno, em França.
No passado, esta ordem religiosa dividia-se em dois grupos: os
padres e os irmãos leigos. Cada monge tinha acesso à sua própria cela a qual, poucas vezes, abandonava. Três vezes por semana não comiam pão, água ou sal e faziam, muitas vezes por ano, longos jejuns. Os monges cartuxos permaneciam sempre num regime de estrito silêncio e o consumo da carne e do vinho eram-lhes proibidos.
Presentemente, os monges cartuxos continuam ainda a prática, com pequenas modificações, de tal austeridade.
Em
Portugal, ainda existe um mosteiro desta Ordem onde se praticam tais costumes, é o Convento de Santa Maria Scala Coeli, em Évora. No Brasil existe também um mosteiro cartuxo, na cidade de Ivorá, RS.

O Carteiro de Pablo Neruda


O Carteiro de Pablo Neruda é uma daquelas pérolas do cinema que nos fazem sorrir e que nos emocionam. Num tom lírico este filme mostra-nos a amizade que se criou entre o poeta chileno e o seu carteiro e o enamoramento deste ultimo pela bela Beatrice Russo.


Por razões políticas o poeta Pablo Neruda é obrigado a procurar exílio numa ilha em Itália. Neruda é amado pelo povo pelas suas crenças comunistas e pelas mulheres pelos seus poemas de amor. Mario é filho de um pescador e está desempregado. Ele tem muitas dificuldades a ler e escrever, mas mesmo assim consegue ser contratado como carteiro, tendo como privilégio ser o encarregado da correspondência do poeta.


Este é o retracto delicioso e inesquecível da busca de amor, felicidade de um homem. Recheado de momentos hilariantes, proporcionados principalmente por Massimo Troisi, que tem um papel encantador e muito rico. O filme é ainda uma ode à poesia, às metáforas, ao amor.


O actor e argumentista Massimo Troisi morreu de ataque cardíaco apenas 12 horas após a conclusão das filmagens deste filme. Apesar de saber que era doente cardíaco e que necessitava de tratamento e descanso, persistiu na sua ideia de terminar esta personagem. Está então de parabéns pois deixa um enorme carinho, pela sua simples mas grandiosa personagem cativante.

É sempre muito complicado conseguir transpor para um filme toda a essência de um livro e é o caso deste filme, apesar da história ser muito cativante há momentos que se perdem pela falta de mais pormenores que estão presentes no livro. Devo assim confessar que é preferível o livro ao filme, mas este ultimo não deixa por isso de merecer o seu mérito, pois é um filme terno e romântico, mas talvez não aconselhável para quem venere as histórias românticas hollywoodescas.


Este filme foi vencedor do Óscar de melhor Banda Sonora e ainda foi nomeado para Melhor filme, Melhor Realizador, Melhor Actor – Massimo Troisi – e melhor Roteiro Adaptado.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Jerusalem - Gonçalo M. Tavares


A literatura portuguesa passa e passará irremediavelmente pelo jovem escritor Gonçalo M. Tavares, ou então, «que seque a minha mão direita».
Confesso que tenho certa predilecção por determinados temas, dos quais a loucura faz parte indubitavelmente da lista. Não foi, portanto, difícil chegar a um dos romances negros de GMT: Jerusalém.
A acção desenrola-se dentro do hospício Georg Rosenberg e fora. A dúvida reside em compreender de que lado está a demência. Atrevo-me a responder que está na «realidade normal». GMT utiliza a imagem de uma caixa negra para explicar esta relação: quem está dentro da caixa vê o que está dentro e o que está fora mas os que estão fora só vêem o que está fora.Georg Rosenberg assemelha-se a uma instituição totalitária: os doentes são obrigados a colocar em causa os seus valores. No entanto, lá dentro, geram-se vidas: Kaas, o menino deficiente, fruto da relação entre Mylia e Ernest Splenger. Theodor Busbeack, marido da perturbada Mylia, adopta o menino apesar de o pai o alertar para não o fazer, pois pode prejudicar a sua carreira. Afinal de que lado está o Bem?Hanna, a prostituta, Hinnerk, ex-combatente de guerra, e Gomperez, médico-chefe de Rosenberg são outras personagens do romance que se vão cruzar num final trágico.
O mal e a busca desesperada das suas raízes constituem a essência de Jerusalém. Theodor Busbeack procura descobrir uma teoria que explique as causas da maldade cometida no passado, do qual os campos de concentração nazi são o mais recente exemplo, e prever o seu futuro. Este é o seu objectivo de vida: chegar a uma simples fórmula que possa antever o destino da humanidade.
A acção não se desenrola cronologicamente: tanto saltamos do presente para o passado como ao contrário. Por vezes até nos deparamos com parágrafos que temos a sensação de já ter lido. Mas afinal, quem disse que a nossa mente está organizada e arrumadinha?
A escrita de GMT é límpida e áspera: todas as palavras estão no peso e proporção certas, não há excessos, tudo que escreve é estritamente necessário e suficiente. O seu humor é trágico, por vezes cruel, mas sempre excessivamente inteligente. Desengane-se o leitor que procura em GMT uma pílula espiritual para o entretenimento das horas vagas.